Tamanho da fonte: |


Codificada por vênus. 🛰️
Atualizada em: 07.08.2024

Hospital Hallcon. 18 de outubro de 2017. Quarta-feira, 8:12 da manhã.

Era metade da estação de outono na cidade de Cambridge. Os dias se tornavam mais curtos e as temperaturas começavam a diminuir. procurava por uma vaga na parte leste do estacionamento do hospital, onde era destinada para visitantes. Fazia algumas semanas, ou meses, que isso fazia parte da sua rotina: chegar no hospital, procurar uma vaga, estacionar, descer do carro, caminhar até a entrada do local e chegar ao passo que ela estava executando agora, caminhando pelos corredores do hospital. Passou pela recepção principal e avistou uma enfermeira que não conhecia muito bem. Continuou até os elevadores, entrando e apertando o número 3 nos botões. As portas do elevador abriram no andar que ela tinha escolhido e ela desceu do cubículo de metal. Chegou na recepção da cardiologia e avistou Mary, a enfermeira que trabalhava ali, já estava familiarizada com a situação.
— Bom dia, Mary — começou a conversa ao sentir o olhar dela.
— Bom dia, . Chegou às 8 horas e 20 minutos, como sempre — Mary continuou, olhando o relógio que ficava na parede em frente à bancada da recepção, e logo depois deu um sorriso.
— Bom, é o horário que começam as vis…
— …O horário que começam as visitas. Eu já sei, já sei — Mary balançou a cabeça positivamente e soltou um risinho sem graça. — Você é uma amiga muito comprometida, mesmo.
— Obrigada, Mary! Até mais tarde — procurou interromper a conversa logo ali.
Não era como se não gostasse de ser elogiada, mas ela achava que o que ela fazia no hospital não era motivo de elogios. Todo mundo faria isso no seu lugar, não é? Ela, pelo menos, gostava de pensar que sim, por isso, quando alguém a elogiava, ela ficava muito sem graça.
— Até, querida — respondeu Mary e seguiu seu caminho.
Mary era uma mulher que aparentava ter entre 32 e 40 anos. nunca teve coragem de perguntar a verdadeira idade dela, com medo de acabar em uma encrenca. Era enfermeira há 9 anos, como a mesma havia comentado uma vez enquanto estava fazendo sua ronda. Foi transferida para a ala da cardiologia 2 anos atrás e parecia estar se dando bem. Os pacientes se davam bem com ela.
passou pela recepção depois de ter falado com Mary e virou no corredor que ficavam os quartos. Foi caminhando enquanto lia os números:: 301, 302, 303, 304… E, finalmente, o 305. Deu dois toques na porta antes de puxar a maçaneta para baixo e entrar.
— Você precisa sempre me acordar tão cedo assim? — Ecoou a voz lá de dentro.
— Se acha tão ruim, eu posso parar de vir — soou brava, mas fingia a chateação, soltando uma risada logo depois, que foi acompanhada por seu amigo.
— Eu sei que você não conseguiria nem se você se esforçasse muito. Eu sou irresistível!
— Você é sonhador — respondeu ganhando uma revirada de olhos.
— Deixa para lá esse assunto. Vem cá me dar um abraço. Você chegou há 5 minutos e ainda não ganhei nenhuma demonstração de afeto.
— Claro! Eu já cheguei com você reclamando — fez o mesmo que o amigo e reclamou, já caminhando até ele.
e se conheciam há muito tempo. Nenhum dos dois sabia dizer quando essa amizade começou. também não sabia dizer quando seu sentimento passou a ser mais que isso. Talvez quando tenha ficado doente. Ou no começo da adolescência, com o clichê do “primeiro amor”.
estava internado há algum tempo e não era como se não pudesse sair nunca do hospital, mas seus pais acharam melhor não. Mesmo não sendo mais tão novo e não dependendo mais de seus pais, achou melhor evitar conflitos. Ele era um paciente da cardiologia, pois sofria com uma condição chamada pericardite. O caso dele tinha altos riscos de complicação, por isso ele tinha ficado internado no hospital. não gostava dessa rotina. Era um arquiteto formado pela Universidade de Cambridge, tinha se formado com ótimas notas e estava trabalhando há alguns meses em um grande escritório quando seu ataque cardíaco aconteceu e teve como consequência a pericardite. Logo em seguida veio a sua internação.
Era evidente que lembrava desse dia tanto quanto .

~Flashback~


Silver Street. 7 de agosto de 2017. Segunda-feira. 9:17 da manhã.

estava no centro de Cambridge à procura da empresa que oferecia os passeios de punting para confirmar o aluguel que a agência que ela trabalhava havia feito para a sessão de fotos de uma marca.
trabalhava como coordenadora de mídias em uma empresa de Marketing, e essa era uma das marcas de mais importância para sua agência, por isso eles estavam investindo bastante nessa sessão. E umas fotos em um barco no pôr do sol parecia ser a melhor propaganda possível para lançar uma nova coleção de roupas.
já tinha estacionado seu carro em frente a loja e estava entrando, quando sentiu seu celular vibrar no bolso. Pegou-o, leu o nome “” e viu uma foto, que continha ela ao lado do amigo, aparecer na tela. Resolveu recusar e mandou uma mensagem:

“Estou resolvendo uma coisa de trabalho agora. Mais tarde eu te ligo, pode ser?


Guardou seu celular no bolso e foi até o balcão da loja. Tocou a campainha e esperou ser atendida. Logo um moço, que aparentava ter seus 19 anos, saiu dos fundos do estabelecimento.
— Olá! Bom dia! Posso ajudar?
— Claro, eu quer… — Seu celular vibrando a interrompeu. — Um minuto.
O nome de aparecia no visor novamente e isso deixou um pouco irritada, já que tinha avisado o amigo que estava em um compromisso de trabalho. Resolveu mandar outra mensagem:

, eu já te disse que estou ocupada! Mais tarde a gente se fala.


— Oi, moço. Desculpe-me a interrupção. Eu queria confirmar a reserva de amanhã para a Concepts Agency.
— Claro! Só um minuto que vou conferir aqui no computador.

~celular vibrando~
“Você está recebendo uma ligação de Ana”


não sabia dizer como estava se sentindo naquele momento. Era um misto de surpresa, desconforto e ansiedade quando viu o nome da mãe de no visor do seu celular. Ela sabia que algo tinha acontecido. Ela e a Ana se conheciam bem, desde quando ela e o eram pequenos, mas não era como se a mãe do seu melhor amigo ligasse para ela com frequência, por isso ficou olhando a tela de seu celular e ficou com medo de atender.
— Oi, Ana. Pode falar.


~Flashback~

— Oi, Ana, pode falar.
— Oi, querida.
Essa breve frase e um suspiro foi o que ela conseguiu escutar. Foi tudo que foi feito pela outra parte dessa ligação.
— Está tudo bem?
— Está! Na verdade, não, por isso eu liguei. — Mesmo a pessoa do outro lado da linha ter afastado o celular, conseguia ouvir o choro se iniciando, e o receio dela de que não fosse uma ligação comum só se confirmou naquele momento; ela não sabia o que dizer, por isso achou melhor esperar a mãe de se acalmar, para ela continuar o que estava dizendo.
— Me desculpe, querida.
— Não precisa se desculpar, só me fala, aconteceu alguma coisa?
— O sofreu um acidente.
Sabe aquele momento que você simplesmente para? tinha a impressão que a voz da mãe de tinha ficado distante, e tudo ao seu redor tinha perdido o foco, tudo estava meio embaçado. Ela sabia que tinha que perguntar: como aconteceu isso? Se foi grave? Como estava? Mas ela só conseguia pensar na pior das hipóteses entre essas perguntas e na lágrima que começava a descer por sua bochecha.
— Moça, moça? — Ela começava a ouvir alguém a chamando, e ela começou a voltar a ver as coisas com foco.
— Moça, você está bem? — Perguntou o atendente da loja, aquela que nem se lembrava mais de estar nela.
— Está sim, quer dizer... Não sei.
— Você quer se sentar, eu posso pegar algo para você?
— Não, não precisa... Eu, eu já es-tou de as-ída — disse atrapalhada com as palavras, arrumando sua bolsa no corpo e se virando para caminhar em direção a porta de saída da loja.
, ... Você ainda está aí? — ouvia-se uma voz baixinha dizendo de longe. tinha até esquecido do telefone em sua mão, que tinha tirado da orelha na hora que o atendente da loja a tinha chamado.

— Oi, oi.... Me desculpa, eu, eu só.... Como isso foi acontecer? — Disse, empurrando a porta da loja para sair.
— Você pode vir até o hospital? Chegando aqui eu tento te explicar tudo — A mãe de Harry já se encontrava chorando do outro lado do telefone.
— Claro, qual hospital? — disse já abrindo a bolsa do lado de fora da loja, procurando seu bloco de notas.
— Hospital Hallcon.
— Estou a caminho. — anotou o nome do hospital rapidamente, desligou o celular sem pensar muito bem se tinha se despedido, apertou o botão que destravava o carro, entrou nele o mais depressa possível, e começou a digitar o nome do Hospital no GPS. Ficava um pouco longe, mas mesmo que não fosse, aquele caminho com toda a certeza seria o mais longo que percorreria em sua vida.

~Flashback off~

Hospital Hallcon. 18 de Outubro de 2017. Quarta-feira, 8:34 da manhã

— No que você estava pensando, El? — A voz de seu amigo a chamou.
— Aaaah, em nada.
— Tem certeza?
— Estava me lembrando daquele dia — disse, soltando o ar.
— Que dia? — Olhou para a amiga, e observou ela encarando o teto. — Ah, aquele dia.
— Sim, aquele dia.
— E por que está perturbando os seus pensamentos com isso?
— Não é como se eu tivesse controle disso, , sabia? — Disse soltando uma risada.
— Grossa — resmungou o amigo, mas logo repetiu o gesto da amiga e deu uma risada.
também se lembrava daquele dia constantemente, só não queria que essa informação fosse compartilhada, porque achava que a preocupação de todos ao seu redor já estava exagerada.

~Flashback ~

Hale St, 7 de Agosto de 2017. Segunda-feira. 7:17 da manhã.


estava entrando no seu carro estacionado em frente à sua casa. Apesar da empresa na qual trabalhava não ficar tão longe de onde ele morava, sempre preferiu ir de carro pela comodidade. Se ajeitou no banco do motorista e ligou o som do carro, logo começou a introdução de uma música que conhecia bem e deu risada lembrando o porquê daquele CD estar ali no seu rádio.

-Alguns dias atrás-

Se quiser coloque para tocar Somebody To Love - Queen

— Meu Deus, eu amo essa música — dizia animada sentada no banco do passageiro do carro de , enquanto o primeiro refrão da música começava.
deu risada da animação de sua amiga, mas acabou cantando junto com ela.

Can anybody find me somebody to love? / Alguém pode encontrar-me alguém para amar?


olhava para quando acabou a primeira frase da música, e acabou sorrindo sozinho consigo mesmo

Each morning I get up I die a little Can barely stand on my feet/ A cada manhã em que me levanto eu morro um pouco Mal consigo permanecer em pé (Take a look at yourself in the mirror) take a look in the mirror and I cry (and I cry)
Lord, what you're doing to me?/ (Olhe para si mesmo no espelho) olho no espelho e choro (e choro) Senhor, o que está fazendo comigo? I have spent all my years in believing you But I just can't get no relief, Lord/ Eu tenho passado todos os meus anos acreditando em você Mas eu simplesmente não consigo nenhuma ajuda, Senhor


Os dois cantavam juntos a música. Era sexta-feira eles tinham acabado de sair de um restaurante no centro de Cambridge e estava dando uma carona a , ou, como ele gostava de chama-lá, Els, até sua casa. Eles se olharam para cantar a próxima parte da música

Somebody (somebody) Oh, somebody (somebody) Can anybody find me somebody to love?/ Alguém (alguém) Oh, alguém (alguém) Alguém pode encontrar-me alguém para amar?


aumentou o volume do som
— Está querendo deixar a gente surdo? — disse entre risadas.
— Não, você está cantando tão alto que não estou conseguindo ouvir a voz do Freddie. — disse dando uma piscadinha para o amigo, que retribuiu com uma careta.

I work hard (he works hard) everyday of my life
I work 'till I ache my bones
At the end (at the end of the day)
I take home my hard earned pay all on my own/ Eu trabalho duro (ele trabalha duro) todo dia da minha vida
Eu trabalho até meus ossos doerem
No final (no final do dia)
Eu levo para casa meu dinheiro suado, totalmente sozinho


abriu o vidro do carro, deixando entrar uma grande de quantidade de vento no mesmo. Ele observava como ela ficava bonita com os cabelos balançando daquele jeito

(Goes home, goes home on his own)
I get down (down) on my knees (knees)
And I start to pray (praise the Lord)
Till the tears run down from my eyes, Lord/ (Vai pra casa, vai pra casa totalmente sozinho)
Eu me abaixo (abaixo) de joelhos (joelhos)
E eu começo a rezar (louvado seja o Senhor)
Até que as lágrimas escorram dos meus olhos, Senhor


, é agora novamente, grita comigo — virou para o melhor amigo.
se preparou para seguir o pedido feito.

Somebody (somebody)
Oh, somebody (please)
Can anybody find me somebody to love?
(He wants help)/ Alguém (alguém)
Oh, alguém (por favor)
Alguém pode encontrar-me alguém para amar?
(Ele quer ajuda)


Os dois cantaram juntos gritando, depois caíram na gargalhada. sempre achava muito bom passar um tempo com ela, e ela o mesmo com ele.

-Alguns dias depois-

deu risada voltando das suas lembranças com sua melhor amiga. Ele já estava a caminho do trabalho ouvindo a música que trouxe a memória à tona.

— Ai, que isso — disse enquanto sentia uma dor, que parecia que ia rasgar uma parte dele.

Continuou tentando focar na estrada à sua frente

— Caralho, que porra é essa — pensava enquanto colocava uma das mãos no peito pela dor sentida na região.

Tinha acabado de entrar na Brooks Rd, logo estaria chegando ao seu destino, mas agora ele parecia estar do outro lado do mundo.

— Meu Deus, o que está acontecendo? — Começou a sentir uma dor muito forte, uma queimação em seu peito, que lhe arrancava o ar. Ele tirou as mãos do volante por um momento pela intensidade da dor, mas isso foi o suficiente; esse momento foi o suficiente para o carro subir na calçada e bater com tudo em um poste.

Médicos em volta, luzes brancas, e seu corpo imóvel é a próxima e última coisa que se lembra daquele dia antes de acordar algum tempo depois em um quarto de hospital.

~Flashback off~

Hospital Hallcon. 18 de Outubro de 2017. Quarta-feira, 8:47 da manhã


— Pelo jeito, eu não sou a única que está tendo lembranças hoje.
— Aaaah.... Não mesmo, você me pegou.
— Estava pensando no quê? — Perguntou curiosa.
— Naquele dia no meu carro que cantamos super empolgados a música do Queen — respondeu , sorrindo sem mostrar os dentes.
riu.
— Esse dia foi incrível mesmo, eu amo essa música.
— Eu amo essa música.
Disseram os dois juntos.
— São tantos anos de amizade assim, que já sou previsível para você? — Perguntou ela, sentando na poltrona de visitas que tinha no quarto.
— Não gosto de pensar que você se tornou previsível e sim que estamos tão destinados a ficar juntos que eu completo até as coisas que você está dizendo. — ele disse dando bastante ênfase e tentando parecer sério.
observava ele enquanto falava e logo depois do final da frase soltou uma gargalhada colocando a mão na barriga.
— Eu adoro que mesmo você vestindo essa camisola hospitalar sua autoestima continua inabalada.
— Hey, eu fico um charme nela. — retrucou, fingindo estar ofendido.
— Não disse ao contrário disso.
Ele tentava esconder o que lhe causava quando sua melhor amiga o elogiava ou simplesmente concordava quando ele dizia alguma coisa, por isso virou seu corpo na cama do hospital para o outro lado, onde agora podia observar a janela.
O quarto 305, apesar de ainda ser um quarto de hospital, gostava de pensar que era confortável. Tinha sua cama, uma janela que dava para ver as árvores lá fora, sem muita vida agora, devida as temperaturas que a cidade se encontrava, tinha uma televisão de frente para a cama que ele particularmente não perdia muito tempo assistindo, um banheiro, e a poltrona encostada na parede do lado direito da cama, onde as pessoas que iam visita-lo passavam o tempo sentadas. Claro que a maioria desse tempo era ocupado por sua melhor amiga.
— A paisagem está bonita, não acha? — Perguntou , que agora se encontrava em pé do lado da cama, tirando ele de seus devaneios.
— Sim, só meio sem vida.
— Você acha? — Respondeu, sentando-se na cama.
— Sim.

~Flashback~

Se quiser coloque para tocar To Build a Home — The Cinematic Orchestra

7 de Agosto de 2017. Segunda-feira. 9:48 da manhã.
estava com o carro em alta velocidade. Tinha descumprido algumas leis de trânsito talvez, mas não conseguia raciocinar muito bem sobre essas coisas agora, ela estava com o coração acelerado, e a cabeça pesada sem respostas, só queria chegar rápido ao seu destino para saber o que realmente tinha acontecido. Ela já se encontrava perto do Hospital Hallcon, o GPS avisava que faltavam apenas 4 minutos. Ela passou por uma rua em que se encontrava alguns policiais em volta de um acidente de carro, mesmo sendo a mesma cor do carro de não quis pensar muito sobre isso naquele momento, por conta da situação do veículo que se encontrava bem destruído.
Quando ela chegou no estacionamento do hospital, colocou o carro na primeira vaga que achou, pegou apenas seu celular, saiu do carro e correu em direção a entrada. A porta abriu-se automaticamente, e ela foi até à recepção.

— Oi, eu quero saber sobre o Willards.
— Só um minuto — respondeu a moça que estava atendendo na recepção do hospital, que desviou o seu olhar logo em seguida procurando algo no seu computador.

batucava os dedos no balcão; parecia que já tinha se passado uma eternidade, mas sabia que era porque estava impaciente e que, na verdade, não deveria nem ter se passado um minuto que a moça da recepção tinha pedido.

— Pronto, você deve se encaminhar até o 5° andar e...
— Obrigada — agradeceu sem nem esperar a moça terminar de falar e saiu correndo em direção aos elevadores. Perdeu a conta de quantas vezes apertou o botão que chamava o mesmo, até que resolveu ir de escadas. Mesmo com a pressa, ela sentia cada degrau que estava subindo. Chegou ao 5° andar, outra recepção, ela estava sem ar, não sabia se era pelos cinco andares que acabou de subir ou pela sensação sufocante de não saber o que fazer agora.

, é você?

Antes que pudesse se virar para ver quem estava a chamando, sentiu braços em sua volta e sentiu seu ombro começar a ficar molhado.

— Me desculpa, querida — disse a mãe de se soltando dela.
— Como ele está?
— Ele bateu com o carro — suspirou. — Ele es-tá em cirurgia a-gora, parece que é grave — Ana começou a chorar mais forte. — Eu não sei de muitos detalhes, o médico mandou eu aguardar, ele falou algumas coisas enquanto eu assinava alguns papéis, mas eu não consegui prestar atenção. — Ana quase não conseguia falar as frases por inteiro devido as lágrimas que desciam pelo seu rosto.
— Meu Deus, como isso foi acontecer? — já chorava também.
— Eu estava com ele a alguns dias, estávamos felizes no carro dele, o mesmo carro… Meu Deus.

já chorava descontroladamente. Ela não queria, mas só conseguia pensar nas piores hipóteses possíveis. fazia parte de sua vida há muito tempo, ela estava sentindo-se desesperada de cogitar a possibilidade em ter que pensar em uma vida sem ele. E ficava desesperada também por saber que era incerto o tempo que ia ter que esperar ali sentada, sem poder fazer nada, até conseguir alguma notícia.
Ana pegou um copo de água para e percebeu como a garota tremia quando lhe entregou.

-Algum tempo depois-

As duas estavam sentadas juntas ali já fazia um bom tempo, conversavam, tentaram conseguir informações com as enfermeiras que passavam ali, mas ninguém sabia de nada e a única informação que elas tinham era que ele ainda se encontrava em cirurgia.

— Meu filho é privilegiado, por ter alguém que se importe tanto com ele, além da família dele, claro — A mãe de disse, conseguindo a atenção de . — Eu não sabia que vocês tinham assumido alguma coisa — agora olhava confusa para ela.
— O quê? Ele é meu amigo e...
— Querida, a forma que você chegou aqui, não parecia que alguém ficaria assim por um amigo.
— Eu só gosto muito dele, e estava preocupada.
— Aposto que ele gosta muito de você também e...
Willards — dessa vez, a mãe dele foi interrompida por um médico que saia do corredor restrito a funcionários do hospital e entrava na sala de espera.
— Aqui, aqui, eu — disse se levantando, andando até o médico eufórica, sendo acompanhada logo atrás por Ana.
— Você está com ele?
— Sim, sim, pode falar.
— Ele já saiu da cirurgia, a batida foi grave e a cirurgia longa, agora devemos esperar.
— Mas ele está bem? — Ana perguntou.
— Devemos esperar a recuperação e ver o que acontece, ele teve um infarto, por isso...
— Ele o quê? — perguntava meio incrédula. O amigo era jovem e levava uma vida que ela considerava saudável, como isso poderia ser possível?
— Ele sofreu um infarto, senhorita...
— Holwes.
— Ele sofreu um infarto, senhorita Holwes, ainda estamos investigando a causa, mas provavelmente foi o que causou o acidente.
— Estou sem acreditar.
— É meio incomum mesmo na idade dele, mas agora devemos esperar, e vou avisando vocês.
— Podemos vê-lo? — Ana perguntava mais como súplica.
— Ainda não, porque ele tem que se recuperar. Mas daqui um tempo eu libero vocês. — Foi a última coisa que o médico disse antes de sair da sala de espera e entrar novamente no corredor restrito.
— Infarto, Ana? Como é possível?
— Não sei, querida, e talvez seja melhor não ficarmos pensando nisso agora, e esperar os médicos.
— Tudo bem, acho que você tem razão.
não podia pensar em ficar mais nenhum minuto naquela cadeira, por isso resolveu descer até o térreo do hospital ver se achava algo para tentar comer. Perguntou a Ana se queria ir junto, ela disse que preferia ficar por ali. , então, desceu sozinha, dessa vez pegou o elevador. As portas se abriram indicando que havia chegado; ela foi até seu carro no estacionamento e percebeu que, além do frio que estava começando a fazer, já tinha anoitecido, então pegou sua carteira que tinha esquecido quando saiu com pressa do carro e resolveu pegar uma blusa que se encontrava no banco de trás. Ela só estava vestindo uma saia midi preta e uma camiseta branca que tinha colocado para ir trabalhar. Fechou o carro e voltou para o hospital, resolveu ir até um café que tinha ali, onde as mesas ficavam ao ar livre, entrou, pediu um café, e dois lanches, um para levar para Ana, pagou e resolveu aguardar no balcão do estabelecimento mesmo. Menos de 5 minutos depois ela foi chamada, pegou tudo e foi sentar-se do lado de fora para tomar seu café.
não conseguia parar de pensar em tudo. Como as coisas acontecem muito rápido. Começou a pensar na última vez que viu o amigo em um jantar na sexta à noite e ficou pensando naquele momento até perceber que já tinha bebido todo o café e metade do lanche já tinha desaparecido também. Resolveu guardar o que sobrou e voltar para a sala de espera. Pegou tudo que se encontrava na mesa, saiu do café e foi até os elevadores, entrou e apertou o botão que continha o número 5, encostou na parede fria do elevador e ficou observando a tela passando os números. 1... 2... 3… 4.... Até que as portas se abriram indicando que tinha chegado ao quinto andar. saiu e caminhou em direção a Ana, que se encontrava dormindo em uma das cadeiras. Ela tirou a sua blusa de frio e a cobriu, pensando em acordá-la e falar para ela ir para a casa descansar, mas pensou que só acordaria ela por nada, porque não sairia dali, então imaginou que a mãe dele também não ia querer.
Ela tinha acabado de sentar-se ao lado de Ana, quando ouviu alguém fazendo psiu para ela. Começou a olhar ao redor, a sala de espera já estava quase vazia comparado a como estava quando tinha chegado ali. Avistou uma das enfermeiras fazendo um gesto para ela ir até lá. levantou-se e caminhou até ela.
— Oi, tudo bem? Você é a namorada do moço que sofreu o acidente de carro, né?
— Eu não sou namorada dele — respondeu simpática.
— Ooh, me desculpe, eu pensei que... — respondeu a enfermeira envergonhada.
— Não, imagina, tudo bem, eu sou melhor amiga dele — disse, sorrindo com a confusão da enfermeira.
— Entendo. Bom, vim aqui perguntar se você quer vê-lo, você não vai poder ficar muito tempo, mas.... Bom, se você quiser.
— Claro, obrigada. Posso chamar a mãe dele?
— Sim, sim.
Ela caminhou até a mãe de , cutucou ela delicadamente algumas vezes até sentir ela despertando e abaixou, ficando na altura que ela estava sentada.
— Desculpa te acordar, uma enfermeira falou que a gente pode ver o um pouco se quisermos.
— Claro, não precisa pedir desculpas por me acordar por um motivo desses. — disse se despertando.
Elas andaram juntas até a enfermeira e ela pediu que a seguissem, subiram um andar de escadas, e continuaram pelos corredores.
— Estamos chegando.
Elas entraram em um corredor onde tinha alguns quartos que a parte da frente era vidro, que possibilitava ver os pacientes que estavam em cada um desses quartos. Quase no final do corredor, ela parou em frente a um desses quartos e a porta se abriu automaticamente. A enfermeira entrou, seguida de Ana e foi a última.
Ela começou a sentir suas mãos suarem e, ao contrário do que estava sentindo mais cedo quando Ana ligou, sentia que agora tudo ao seu redor estava acontecendo rápido demais. Ela começou a chorar baixinho, vendo como ele estava machucado. Sentia que a mãe dele também estava em choque, mas estava escondendo melhor que ela.
Chegou mais perto dele, pegou em sua mão e a apertou um pouco, como se dissesse para ele que estava ali.
A enfermeira que agora lia em seu crachá, se chamava Mary, quebrou o silêncio.
— Eu sei que foi muito pouco tempo, mas infelizmente preciso pedir para vocês irem agora.
— Obrigada — foi a única coisa que Ana disse.
— Sim, obrigada. — repetiu.
Mary sorriu agradecida e acompanhou as duas de volta à sala de espera.

depois de conversar com Ana, resolveram juntas que iam para casa tomar um banho pelo menos e trocar de roupa. Ela deu uma carona para a mãe dele até sua casa, depois seguiu para a sua com o coração um pouco menos pesado pelos segundos que ficou perto dele.

~Flashback Off~

Hospital Hallcon. 18 de Outubro de 2017. Quarta-feira, 9:02 da manhã


— Você deve ter achado a paisagem lá fora realmente bonita, porque está olhando para ela em silêncio já faz algum tempo. — ouviu a voz do amigo dizer, despertando ela de suas lembranças novamente.
— Desculpa — riu sem graça.
— Que isso.

até pensou em falar mais alguma coisa, mas foi surpreendido por sua amiga que antes estava sentada na beirada da cama, deitando-se ao seu lado e o abraçando. Mesmo não entendendo muito bem o porquê daquela reação, retribuiu o abraço, se sentindo mais aquecido por fora e por dentro.




Continua...


Nota da autora: Oii amorzinhos, como vocês estão?

Faz muito tempo que não escrevo uma nota de autora, eu nem sei quanto para ser sincera, eu inclusive queria pedir desculpas por deixar o primeiro capítulo entrar sem, porque essa história é muito importante para mim e não queria que isso acontecesse, acho que só precisava enviar o mais rápido possível, para não dar tempo de pensar demais kkk acho que quando pensamos, podemos acabar não fazendo. Eu queria agradecer pelo carinho que teve assim que a história entrou, tudo que é escrito foi, é e vai ser com muito carinho, amor e com meu coração! Obrigada por tudo, nos vemos em breve no capítulo 3! <3


Se você encontrou algum erro de codificação, entre em contato por aqui.